Como o Tribunal de Contas da União tem se comportado ao longo da Constituição de 1988?

Autores

  • Flávio Garcia Cabral Escola de Direito do Ministério Público em Mato Grosso do Sul

DOI:

https://doi.org/10.21056/aec.v21i85.1579

Palavras-chave:

Tribunal de Contas da União, constituição, ativismo, perfil institucional, tribunal de contas.

Resumo

O artigo investiga a atuação do Tribunal de Contas da União (TCU) ao longo da vigência da Constituição Federal de 1988. Com a advento da Constituição, o Tribunal adquiriu um rol amplo de competências, porém a forma por meio da qual a Corte se comportou ao longo desses 32 anos, no que concerne a questões políticas, ao exercício de suas atribuições e aos limites de suas atuações se mostrou variado. Para a realização do artigo, utiliza-se o método de abordagem indutivo, possuindo natureza descritiva e exploratória quanto aos fins e bibliográfica em relação aos meios. Assim, apurou-se uma primeira fase (1988 até meados da década de 90) na qual o TCU ainda possuía fortes vinculações políticas e era desconhecido da sociedade e com pouca atuação efetiva; uma segunda fase (de meados dos anos 90 e início dos anos 2000 até por volta do início dos anos 2010), na qual a Corte se aprimorou tecnicamente, tendo uma atuação ordinária bem consolidada e com inovações tecnológicas, começando a se destacar perante a sociedade pelas suas fiscalizações e combate ao desperdício do dinheiro público; uma terceira fase (de meados dos anos 2010 até hoje), na qual o TCU busca assumir um protagonismo no cenário político brasileiro, atuando, por diversas vezes, com excessos. O risco dessa atuação ativista é justamente a Corte sofrer futuramente represálias, por meio de medidas que visem a reduzir suas competências e prerrogativas.

Biografia do Autor

  • Flávio Garcia Cabral, Escola de Direito do Ministério Público em Mato Grosso do Sul
    Professor da Escola de Direito do Ministério Público em Mato Grosso do Sul – EDAMP e Centro Universitário Anhanguera (Campo Grande-MS, Brasil). Pós-Doutorado pela PUCPR; Doutor em Direito Administrativo pela PUC/SP; Mestre em Direito Constitucional e Teoria do Estado pela PUC-RJ; Mestre em Direito pela Universitat de Girona/Espanha; Procurador da Fazenda Nacional (atualmente Procurador-Chefe da Fazenda Nacional em Mato Grosso do Sul). E-mail: flaviocabral_@hotmail.com

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Publicado

2021-09-30

Edição

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Artigos