Mapeamento da aplicação do princípio da solidariedade na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal

Autores

  • Guilherme Camargo Massaú Universidade Federal de Pelotas
  • Victor Ribeiro da Costa Universidade Federal de Pelotas

DOI:

https://doi.org/10.21056/aec.v20i81.1339

Palavras-chave:

aplicação, previdência social, princípio, solidariedade, Supremo Tribunal Federal.

Resumo

O texto objetivou analisar quantitativamente como o Supremo Tribunal Federal (STF) aplica o princípio da solidariedade (Art. 3°, I, da CRFB). A partir de pesquisa jurisprudencial realizada no período de 1988 a 2020, tirou-se duas conclusões: a maioria das decisões do STF utiliza o princípio de forma retórica e há relativa falta de critério teórico para estabelecer como tal princípio incide normativamente. Para isso, definiu-se primeiramente de que modo ocorre a incidência da solidariedade. Em seguida, estabeleceu-se a metodologia de coleta de dados, que consistiu em pesquisa documental, através da catalogação de acórdãos prolatados no interstício supramencionado, conforme três recortes, com as palavras-chaves “solidariedade”, “Art. 3º, I, da CRFB/88” e “princípio ADJ2 solidariedade”. Após leitura do ementário das 653 decisões encontradas, foi possível observar tendências na concretização do princípio, sendo selecionadas 67 decisões nas quais a solidariedade opera como ratio decidendi. Por fim, interpretou-se os dados extraídos destas decisões (tipo de ação, matéria e pertinência) cotejando-os com a base teórica de aplicação do princípio. Assim, foi possível constatar que esta aplicação ainda é incipiente no STF, e que, não obstante isso, trata-se de uma tendência crescente no Direito, especialmente na esfera previdenciária, na qual atua como relevante vetor hermenêutico.

Biografia do Autor

  • Guilherme Camargo Massaú, Universidade Federal de Pelotas

    Professor da Faculdade e do Mestrado em Direito da Universidade Federal de Pelotas – UFPel (Pelotas-RS, Brasil). Pós-Doutor na PUCRS. Doutor em Direito pela Unisinos. Mestre em Ciências Jurídico-Filosóficas pela Universidade de Coimbra. Especialista em Ciências Penais pela PUCRS. E-mail: uassam@gmail.com

  • Victor Ribeiro da Costa, Universidade Federal de Pelotas
    Mestrando em Direito pela Universidade Federal de Pelotas – UFPel (Pelotas-RS, Brasil). Bacharel em Direito pela UFS. Advogado. Servidor Público Federal. E-mail: victor.ribeiro.costa@hotmail.com

Referências

APOSTOLI, Adriana. La svalutazione del principio di solidarietà. Crisi di um valore fondamentale per la democrazia. Milano: Giuffrè, 2012.

BERCOVICI, Gilberto. Constituição econômica e desenvolvimento. Uma leitura a partir da Constituição de 1988. São Paulo: Malheiros, 2005.

BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1992.

CANOTILHO, José Joaquim Gomes. “Brancosos” e interconstitucionalidade. Itinerários dos discursos sobre a historicidade constitucional. Coimbra: Almedina, 2006.

CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Constituição dirigente e vinculação do legislador. Contributo para a compreensão das normas constitucionais programáticas. Coimbra: Coimbra, 1994.

CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário. 21ª edição revista e ampliada. Rio de Janeiro: Forense, 2018.

DE MORAIS, Jose Luis Bolzan; STRECK, Lenio Luiz. Comentários ao art. 3º. In: CANOTILHO, J. J. Gomes; MENDES, Gilmar F.; SARLET, Ingo W.; STRECK, Lenio L. (Coords.). Comentários à constituição do Brasil. Saraiva Jur, 2018. p.327 a 335.

FREITAS, Juarez. A interpretação sistemática do direito. 5 ed. São Paulo: Malheiros, 2010.

GIUFFRÈ, Felice. La solidarietà nell’ordinamento costituzionale. Milano: Giuffrè, 2002.

HESSE, Konrad. Grundzüge des Verfassungsrechts der Bundesrepublik Deutschland. 19 ed. Heidelberg: Müller, 1993.

LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Comentário ao artigo 37, VII. In: CANOTILHO, J.J. Gomes; MENDES, Gilmar F.; SARLET, Ingo W; STRECK, Lenio L. (Coords.). Comentário à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva/Almedina, 2013. p. 840-850.

LORENZO, Wambert Gomes Di. Teoria do Estado de solidariedade: da dignidade da pessoa humana aos seus princípios corolários. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

LUZZATI, Claudio. La vaghezza delle norme. Un’analisi del linguaggio giuridico. Milano: Giuffrè, 1990.

MASSAÚ, Guilherme. O princípio republicano constituinte do mundo-da-vida do Estado constitucional cosmopolita. Ijuí: Unijuí, 2016.

PIAZOLO, Michael. Solidarität. Deutungen zu einem Leitprinzip der Europäischen Union.Würzburg: Ergon, 2004.

ROCHA, Daniel Machado. Comentários ao art. 40. In: CANOTILHO, J. J. Gomes; MENDES, Gilmar Ferreira; SARLET, Ingo Wolfgang; STRECK, Lenio Luiz (Ed.). Comentários à constituição do Brasil. Saraiva Jur, 2018. p 1822 a 1881.

RODRIGUEZ, José Rodrigo. Como decidem as cortes?: para uma crítica do direito (brasileiro). Rio de Janeiro: Editora FGV, 2013.

SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. Uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 12 ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015.

SARLET, Ingo Wolfgang; DA ROSA, Taís Hemann. Breves notas sobre a dogmática do mínimo existencial no direito brasileiro. Revista de Direitos e Garantias Fundamentais, v. 16, n. 1, p. 217-248, 2015.

SCHOLZ, Sally J. Solidarity as a Human Rights In: Archiv des Völkerrechts. 52. Band, 1. Heft. Tübingen: Mohr Siebeck, 2014. p. 49-67.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RE: 593068 SC. Disponível em: https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/768165936/recurso-extraordinario-re-593068-sc-santa-catarina. Acesso em 26/03/2020.

VERDÚ, Pablo Lucas. O sentimento constitucional. Aproximação ao estudo do sentir constitucional como modo de integração política. Trad. Agassiz Almeida Filho. Rio de Janeiro: Forense, 2004.

VOLÄNDER, Hans. Die Verfassung. Idee und Geschichte. München: C.H.Beck, 1999.

ZAGREBELSKY, Gustavo. El derecho dúctil. Ley, derechos, justicia. Trad. Marina Gascón. 4 ed. Madrid: Trotta, 2002.

ZOLL, Rainer. Was ist Solidarität heute? Frankfurt am Main: Suhrkamp, 2000.

Downloads

Publicado

2020-09-30

Edição

Seção

Artigos